sábado, 27 de agosto de 2011

Paramentos Litúrgicos III: O Cingulo

História
Depois de uma pausa para a nossa V Festividade de São Tarcísio, vamos dar continuidade a nossa série de matérias, vamos falar hoje um pouco sobre o cíngulo. O cingulo é uma veste de origem romana que se anexou aos paramentos litúrgicos e recebeu da tradição da Igreja um significado cristão. A primeira menção do cíngulo é uma carta do papa Celestino aos bispos de bispos de Viena e Narbone, na Gália no século V. A forma do cíngulo, desde a antiguidade até parte da Idade Média, era de uma estreita faixa com 6 ou 7 centímetros de largura. Era comumente de linho e, por vezes, bordado. O formato de cordão só se popularizou depois do século XV e hoje, é o dominante.


Forma e Cores
O cíngulo conta, na atualidade, de um cordão de cerca de 4 metros com dois pompons nas pontas com franjas. O cíngulo segue a cor do tempo, podendo ser branco, roxo, rosa, preto, vermelho, verde ou de cor festiva (dourado). Entretanto, como os demais paramentos usa-se o branco na falta da cor específica.


Em relação à ornamentação, a princípio era simples, posteriormente passou a constar de ricos brocados com ouro e pedras preciosas, principalmente durante a Idade Média. Na atualidade, recuperou parte de sua simplicidade inicial. O cíngulo possui decoração austera que pode constar de fios dourados ou prateados unidos à cor do cíngulo, sem pedras ou ornamentos maiores.

Quem usa e como se usa?


Usam o cíngulo todos os ministros de qualquer grau que portam a alva. Nesses se incluem os servidores do altar, acólitos instituídos, leitores instituídos e todos os clérigos. O cíngulo é posto sempre sobre a alva, amarrado a cintura. Se usa-se estola, esta fica, tradicionalmente, presa ao cíngulo. Não se usa cíngulo quando não se veste alva; assim, não se usa cíngulo com vestes corais, com batina e sobrepeliz, etc.

Oração e significado
Para se vestir o cíngulo, o rito extraordinário prevê que o sacerdote reze a seguinte fórmula:

"Praecinge me, Domine, cingulo puritatis, et exstingue in lumbis meis humorem libidinis; ut maneat in me virtus continentiae et castitatis."
"Cingi-me, Senhor, com o cíngulo da pureza, e extingui nos meus rins o fogo da paixão, para que resida em mim a virtude da continência e da castidade."
Tal uso, louvavelmente, pode manter-se na Missa de Paulo VI, uma vez que essa oração resume de maneira piedosa o significado deste paramento. O cíngulo lembra o antigo gesto de amarrar a veste à cintura para melhor trabalhar, daí a citação dos rins, região onde é amarrado para facilitar a labuta. Essa comparação fez o cíngulo se proliferar entre os monges.
Pode-se estabelecer uma relação ainda com a escritura do Antigo Testamento, na qual Deus ordena que os Hebreus comam a Páscoa cingidos (cíngulo) e com o manto (casula). Entretanto a relação que a tradição cristã mais bem aplicou ao cíngulo foi a sua relação com a castidade e a pureza de espírito, como ressalta a oração.

Fotos do uso do cíngulo
É um pouco trabalhoso encontrar imagens que mostrem o uso do cíngulo, uma vez que este paramento é usado sob a casula e, no caso dos bispos, sob a dalmática pontifical. As imagens mostradas são do uso com casula romana, apenas por uma questão de facilidade na visualização.

Sua Santidade durante a adoração da Santa Cruz na Sexta-feira Santa, uso do cíngulo vermelho, cor da celebração.

Ao início da celebração da Paixão, cíngulo vermelho novamente.

Ordenação Sacerdotal: os candidatos ao sacerdócio portando o cingulo sobre a alva.

O Padre Wiremberg no durante a Missa de encerramento da III Escola Arquidiocesana de Cerimoniários, usando o cingulo dourado (festivo). 

Acólitos-assististes, ambos usando alva e cíngulo.

Conclusão
Cíngulo é um paramento que se une a alva. Assim ele possui um significado que remete às atitudes daqueles que os portam. Segundo dizem as orações, aqueles que usa tal veste deve ser repleto de pureza, penitência e especial zelo para ser menos indigno de participar (Servidores do Altar, Acólitos, Diáconos, etc) ou celebrar (Presbíteros, Bispos, etc..) os santos mistérios.
Assim, é importante que se preserve seu uso, bem como sua oração, para que os ministros do altar não se esqueçam que sua vida espiritual se une diretamente ao que se celebra. Não se trata de dar atenção a detalhes de menor importância dentro da liturgia, trata-se de preservar a riqueza construida nos séculos passados e fazer que se mantenha presente os elementos e os significados que nos ajudam a entender melhor o Santo Sacrifício que é o centro da liturgia católica.

Fonte: Blog "Zelus domus tuae comedit me"
Revisão e atualização (fotos) : Blog "Ministrare et dare animam suam" 

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