terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Sobre a Igreja - Sacramentos II

O batismo é a porta para vida da igreja e para os demais sacramentos, pois insere a todos nós na comunidade dos crentes e na vida nova em Cristo, esta vida nova é expressa no próprio rito do batismo, sobretudo pelo batismo de imersão, onde se imerge a pessoa como para vida antiga de pecado e ao emergi-la já não é mais a mesma, pois nasceu para uma vida nova em Cristo, desceu para o sepulcro da imersão e ressurgiu pura e limpa do pecado. Cabe salientar a figura do sacerdote no rito batismal, pois ele como ministro da igreja é apenas um instrumento da graça de Deus de “modo que, quando alguém batiza, é o próprio Cristo que batiza” [1]

Mas é fato que voltamos a pecar, pois como seres humanos isto faz parte de nossa natureza, por outro lado no sacramento da penitência os fiéis “obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e ao mesmo tempo reconciliam-se com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão.” [2] É fato que tal redenção só foi possível pela gloriosa paixão de nosso senhor Jesus Cristo, e a Igreja a dispensa a seus fiéis para reconciliá-los com Deus.
Para que continuemos em estado de graça há necessidade que algo que nos nutra, de algo que alimente a fome de nossa alma, deste modo como é expresso no Catecismo da Igreja Católica a Eucaristia é chamada “sacramento dos sacramentos”, isto deve-se ao fato de ser “a Eucaristia é ‘fonte e ápice de toda a vida cristã’. ‘Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa.’”[3], esta presença de Cristo através do véu do pão e do vinho coloca o sacramento da eucaristia em um lugar privilegiado, pois “o modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos. No santíssimo sacramento da Eucaristia estão ‘contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo’ . ‘Esta presença chama-se 'real' não por exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas porque é substancial e porque por ela Cristo, Deus e homem, se toma presente completo.’” [4]

Na maturidade há necessidade de um maior compromisso com Cristo e com a Igreja, sendo assim no sacramento da Crisma, os jovens são configurados e consagrados a Cristo de tal modo que passam a ser “mais perfeitamente vinculados à Igreja, enriquecidos com uma força especial do Espírito Santo e deste modo ficam obrigados a difundir e defender a fé por palavras e obras como verdadeiras testemunhas de Cristo”[5], assim como os discípulos o fizeram a partir do episódio de Pentecostes.

“Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne” Gn 2, 24, estas palavras bíblicas falam acerca do matrimônio e da profundidade da relação entre o marido e sua esposa “já não são mais que uma só carne”. De fato “os cônjuges cristãos, em virtude do sacramento do Matrimônio, com que significam e. participam o mistério da unidade do amor fecundo entre Cristo e a Igreja, auxiliam-se mutuamente para a santidade, pela vida conjugal e pela procriação e educação dos filhos, e têm assim, no seu estado de vida e na sua ordem, um dom próprio no Povo de Deus. Desta união origina-se a família, na qual nascem novos cidadãos da sociedade humana os quais, para perpetuar o Povo de Deus através dos tempos, se tornam filhos de Deus pela graça do Espírito Santo, no Batismo. Na família, como numa igreja doméstica, devem os pais, pela palavra e pelo exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação própria de cada um.” [6]

No sacramento da ordem, certos membros da Igreja são tirados do meio dela e novamente devolvidos como seus trabalhadores, de modo que “como ministros que, na sociedade dos crentes, possuem o sagrado poder da Ordem para oferecer o Sacrifício, perdoar os pecados e exercer oficialmente o ofício sacerdotal em nome de Cristo a favor dos homens”[7], devem assim ser sinais reais da presença de Cristo em suas comunidades, para tal a busca da santidade deve ser um compromisso diário do sacertode, quer para seu próprio bem, como da comunidade que o tem como modelo, fique aqui claro que o único sacerdote da nova aliança é Cristo, e os padres são apenas participantes de seu sacerdócio.

E por fim a unção dos enfermos, que anteriormente era chamada extrema unção. O Concílio Vaticano II optou por retornar a denominar unção dos enfermos justamente pelo fato que tal sacramento não deve ser recebido só a beira da morte, mas em qualquer momento de enfermidade. “Pela santa Unção dos enfermos e pela oração dos presbíteros, toda a Igreja encomenda os doentes ao Senhor padecente e glorificado para que os salve; mais ainda, exorta-os a que, associando-se livremente à Paixão e morte de Cristo, concorram para o bem do Povo de Deus.”[8]

________________________

Notas

[1] Conc. V. II, Constituição Sacrosantum Concilium, nº 7, 1963
[2] Conc. V. II, Constituição Lumem Gentium, nº 11, 1964
[3] CIC, nº 1324
[4] Ibidem, nº 1374
[5] Conc. V. II, Constituição Lumem Gentium, nº 11, 1964
[6] Ibidem
[7] Conc. V. II, Decreto Presbyterorum Ordinis, nº 2, 1965
[8] Conc. V. II, Constituição Lumem Gentium, nº 11, 1964

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...